Há muita coisa escrita sobre almas gêmeas e chamas gêmeas na internet. Há um site indiano chamado Quora que me parece ser um campeão de publicações sobre o tema, com inúmeros colunistas e consultores de relacionamento sobre o assunto.
Li muitos desses textos e há muita coisa boa para se aproveitar ali que de alguma forma indica para a realidade sobre as almas gêmeas. Segundo a consciência de cada um, esse tipo de leitura vai conectar às diferentes referências que temos. E nosso filtro sobre o que ficará da leitura vai depender dessas referências.
Me interesso pelo tema desde a juventude e no livro que escrevi Muito Além de Um Conto de Fadas, o tema é recorrente, pois tive uma experiência do “casamento místico Rosacruz”, narrado no livro, em que se enlaça ao tema de almas gêmeas.
Aqui proponho trazer esse tema sobre o ponto de vista científico-espiritual da Antroposofia.
O fundador da Antroposofia, Rudolf Steiner, indica que ele mesmo sempre encarnou com sua alma gêmea para cumprir a missão espiritual que lhe cabe.
Ele explica que há dois grupos de almas entre os seres humanos. Um grupo de almas muito afeito às coisas celestiais e um grupo de almas muito afeito as coisas da Terra. Ele nos aponta que isso está narrado Bíblia pelas duas distintas descendências de Caim e Abel. Os descendentes de Caim são afeitos ao mundo terreno e os de Abel, ao mundo Celestial.
Steiner faz parte do grupo afeito ao mundo celestial e Ita Wegman, que o ajudou a desenvolver a Antroposofia, faz parte do grupo ligado à Terra.
Ele conta que quando se conheceram, Ita Wegman lhe perguntou: “Onde você estava que eu já estava lhe esperando há tanto tempo?”. Nada que Steiner tenha deixado registrado para a posteridade é sem sentido, e o fato dele ter deixado isso registrado é um indício de que esse sentimento de uma alma por outra alma é um indicativo de que se está diante de um encontro de almas gêmeas.
Como mencionei em um outro post, as revelações de Steiner exigem um coração preparado e uma mente treinada para tratar de assuntos espirituais, que não podem ser abarcados por uma mente racional materialista, que rejeita de pronto assuntos espirituais, bem como seus fundamentos e meio de cognição. Dessa forma, o que vem adiante talvez seja do interesse de poucos. Mas para alguns vai tocar direto ao coração.
Steiner indica que ser uma alma muito ligada aos mundos celestiais implica em ter começado a encarnar mais tardiamente na Terra. Por outro lado a alma de Ita Wegman começou a se encarnar na Terra muito antes. Sendo alma gêmea de Ita, ele sempre esteve ligado a ela a partir dos mundos celestiais, mesmo quando ela estava encarnada e ele não. Ela se ligava a ele de forma semelhante a qual nosso anjo guardião se liga a nós em cada encarnação terrena.
A primeira encarnação terrena de Steiner foi como um ser humano, e nela ele ainda estava muito ligado às forças etéricas do planeta, ao reino vegetal. E dentro do reino vegetal, um ser que se chama Enkidu é identificado historicamente na narrativa da lenda de Gil Gamesh. Enkidu, por sua vez, é uma encarnação de Ita Wegman. Essa foi a primeira encarnação conjunta dos dois.
Steiner narra então várias encarnações sucessivas que ambos tiveram como almas gêmeas. Dentre elas, Steiner foi Aristóteles e Ita foi Alexandre, o Grande. Steiner foi São Thomaz de Aquino e Ita foi um personagem histórico cujo nome, se não me falha a memória, foi Guilherme de Piperno. Entre muitos outros encontros que ele elenca.
Steiner também nos conta que ele mesmo é um dos 12 bodhisatwas que regem o destino espiritual da humanidade. E que destes 12, 7 bodhisatwas são também os mestres do cristiano esotérico e que ele é também um desses 7.
Para personalidades tão elevadas espiritualmente a atuação da providência divina pode ser muito bem evidenciada para o cumprimento de seu papel para a evolução espiritual da humanidade.
Os outros bodhisatwas incluem o Budha, o futuro Maytrea Budha, Cristiano Rosacruz, Scitianos, Zarathustra e Mani, dentre outros.
Esses 12 mestres têm, cada um, 12 discípulos diretos e todos eles passam por acontecimentos semelhantes em suas encarnações terrenas, incluindo as sucessivas encarnações como almas gêmeas.
No centro desses 12 bodhisatwas está o próprio ser do Cristo.
E para o próprio evento da encarnação do Cristo na Terra há um fenômeno de almas gêmeas.
Steiner relata que quando Adão foi expulso do paraíso, uma parte de sua alma ficou preservada nos mundos espirituais, e assim ficou isenta do pecado original.
Enquanto Adāo fazia suas sucessivas encarnações terrenas, essa alma primordial preservada intacta em sua pureza o acompanhava dos mundos celestiais (assim como Steiner acompanhava Ita Wegman).
Steiner detalha algumas encarnações de Adão ainda como personagens do antigo testamento – e também encarnações mais recentes. Ele reencarnou como São João Batista, como o pintor Rafael Sanzio (que pintou a Madonna Sistina) e como o poeta alemão Novallis.
Quando Adão reencarnou como São João Batista essa alma primordial encarnou pela primeira vez num corpo físico como primo de João Batista: trata-se do menino Jesus do Evangelho de Lucas.
Steiner explica que quando Maria foi visitar sua prima Isabel, mãe do Batista, o menino Jesus em seu ventre se mexeu, pois as duas almas partes da mesma alma se reconheceram.
Steiner chama essa alma primordial de alma natânica. Ele explica que essa alma está representada nas artes como todos os halos de luz em torno da cabeça de santos. Ela foi desde os tempos primordiais a alma que se unia dos mundos espirituais aos homens na terra em escolas de sabedoria espiritual chamadas por ele de centros de mistérios. Se unindo aos homens nos centros de mistérios, essa alma permitia que fluísse para os homens a sabedoria dos mundos celestiais. Essa mesma alma se uniu de fora à alma de Krishna e permitiu que, através desse avatar, se manifestasse a deidade indiana Vishnu, o mantenedor doequilíbrio na Terra. E muitas coisas mais lindas são ditas sobre essa alma primordial.
Para nós aqui interessa focar seu aspecto de alma gêmea de Adão para indicar a beleza dos processos encarnatórios das almas gêmeas. Enquanto a alma de Adão fazia sua jornada terrena para redimir o pecado original a partir do desenvolvimento das forças necessárias na alma humana, essa alma primordial fazia sua jornada inspirando os seres humanos desde as alturas celestiais e cada vez mais se aproximando dos homens, até que encarnou como o menino Jesus do evangelho de Lucas, para dar lugar ao evento mais importante de toda a história do desenvolvimento espiritual da humanidade, que foi a encarnação do Cristo na Terra.
Tudo isso evidencia algo muito importante sobre as almas gêmeas: as almas gêmeas são instrumentos da providência divina para o desenvolvimento espiritual da humanidade. Elas preconizam eventos espirituais importantes no desenvolvimento espiritual da humanidade e também antecipam estágios futuros do desenvolvimento da humanidade. As encarnações de almas gêmeas portanto estāo também relacionadas às encarnações dos grandes mestres da humanidade.
Nesse caso tão especial da encarnaçāo do Cristo, vários outros grandes estavam encarnados, seus discípulos diretos estavam encarnados. Nessa época estava encarnado o grande mestre Zarathustra, no menino Jesus do Evangelho de Mateus. Estava também encarnado Cristiano Rosacruz, como São João Evangelista. E dois importantes discípulos do mestre Scitianos estavam encarnados, como José de Arimateia e Nicodemos, que se incumbem de manter o Santo Graal protegido após a morte de Cristo.
Nosso momento espiritual é hoje muito importante, pois a humanidade está atravessando um pequeno apocalipse, conforme descrito no Evangelho de João no “Aí de vós”, no sermão do Cristo para um reservado grupo de discípulos em Getsêmani, na noite terça-feira santa.
O momento é muito importante, segundo Steiner, pois o Cristo está novamente se revelando aos homens na Terra a partir da esfera etérica nas cercanias da Terra onde se encontra desde a sua ascensão.
Isso faz com que muitos mestres e muitas almas gêmeas estejam encarnadas e vivendo um momento muito delicado de seu desenvolvimento.
Steiner, por exemplo, está hoje reencarnado como um discípulo do mestre indiano Maharishi Mahesh Yogi, que difundiu a Meditação Transcendental no mundo.
Ita Wegman também está encarnada, agora como filho desse discípulo de Maharishi. Novamente uma encarnação de duas almas gêmeas. Nessa encarnação Steiner não manifesta as mesmas capacidades psíquicas de clarividência, e coube a Maharishi dizer-lhe sobre sua encarnação anterior. A palavra Maha, em sânscrito, quer dizer Grande, e Rishi quer dizer Vidente. Esse é um título e não um nome, para esse mestre que pode enxergar nos arquivos akashicos e que vive em união com o mundo espiritual. Foi ele quem disse a ambos, pai e filho, que o primeiro foi Aristóteles e o segundo foi Alexandre, o Grande, e que naquela vida Aristóteles orientava Alexandre, assim como o pai nessa vida orientava o filho. Isso lhes foi dito nem uma circunstância em que o filho passava por um difícil momento que o impedia de realizar coisas no mundo exterior apesar de um grande conhecimento espiritual. Maharishi então explicou que isso se devia ao mal karma de ter destruído tantas vidas durante sua encarnação como Alexandre o Grande.
Maharishi também revelou a alguns discípulos muito próximos que ele mesmo havia batizado o Cristo, dando a entender que ele fora antes São João Batista. A beleza espiritual desses encontros realizados pela Providência Divina é infinita. Steiner já havia revelado aspectos de sua próxima encarnação e um deles é que ele sempre encarna para ajudar na missão de São João Batista de revelar Cristo aos homens. Enquanto São João Batista batizava pela água, Maharishi veio batizar pelo fogo, com a técnica da Meditação Transcendental. O mestre de Maharishi, Guru Dev, é retratado sempre com um halo ao redor de sua cabeça e aí temos a indicação da presença da alma natânica atuando junto à ele. Maharishi não é um mestre como os demais 12 bodhisatwas. Ele é o representante da humanidade perante Deus. Ele representa o máximo potencial da humanidade em sua jornada de volta à união com Deus. Isso traz luz à sua devoção a Guru Dev, por quem estava intimamente ligado através da alma natânica, sua alma gêmea, atuando por Guru Dev.
E o fenômeno de encarnação de almas gêmeas está evidenciado em muitos outros movimentos espirituais contemporâneos. Um deles é a Oneness University na Índia.
Nesse centro de mistérios contemporâneo a alma natânica se revela novamente como um orbe dourado, como sempre se revelou nos halos nos centros de mistérios. E por uma “brincadeira” do mundo espiritual, sua primeira revelação se deu numa cidade chamada Nathan, um nome bíblico da linhagem de sacerdotes que levou a sua denominação como alma Nathanica.
Lá, um casal muito especial de almas gêmeas, Amma e Bhagavan, lideram o fenômeno espiritual denominado Deeksha, que quer dizer benção divina.
Fui 9 vezes para a Índia nesse centro de mistérios para fazer inúmeros cursos em que práticas espirituais e conhecimento espiritual são manifestados como experiências que transformam a consciência das pessoas num processo de despertar espiritual que leva à Iluminação. Basta dar um google para saber sobre as atividades recentes desse movimento.
Nos cursos aprendi que esse é um casal de almas gêmeas com várias encarnações sucessivas, sempre ligadas à espiritualidade indiana. Numa delas, Bhagavan foi o mestre Adi Shankara, da sagrada tradição de mestres védicos, da qual Maharishi faz parte. Novamente um elo de ligação entre diferentes mestres da humanidade que servem a um só propósito.
Na encarnação atual Amma e Bhagavan são a mesma manifestação da deidade Vishnu em dois corpos, um masculino e um feminino. Isso está em alinhamento com muitos ensinamentos de Steiner, pois Steiner explica que a potência de Vishnu, como foi denominada a atuação da alma natânica em Krishna, era tão grande que não pode atuar plenamente em Krishna de dentro de seu corpo, e por isso atuava de fora. No caso de Ammabhagavan foi necessário a manifestação de Vishnu, através da alma natânica, em dois corpos, para que esse ser celestial pudesse atuar nesse momento da evolução terrena.
O filho de Bhagavan, Krishnaji, é casado com Pretaji. Pela elevada função espiritual dos dois nesse momento, eu diria que são também almas gêmeas.
Mais ainda, o tema de almas gêmeas tem sido recorrente nos cursos e eventos da One World Academy e Ekam, um braço da Oneness University.
Isso ocorre pois as encarnações de almas gêmeas estão intrinsicamente ligadas ao processo evolutivo da humanidade. As almas gêmeas antecipam estágios evolutivos da humanidade e por isso há sempre proximidade de almas gêmeas com os mestres espirituais da humanidade.
"A conotação romântica sobre almas gêmeas é uma das faces dessa complexa interação de almas."
Essas almas têm seu própria karma de muitas vidas para lidar e ainda podem absorver para si, num ato de sacrifício pela humanidade, parte do karma coletivo da humanidade, chamando para si a tarefa evolutiva que a humanidade não conseguiu realizar.
Isso pode significar muitos conflitos nas relações de almas gêmeas que estão ligadas aos conflitos e desafios da humanidade como um todo.
No curso sobre almas gêmeas da One World Academy, Krishnaji explicou que a astrologia indiana, o Jyotish, cuja tradução é luz divina para iluminar a consciência dos homens sobre seus caminhos na encarnação terrena, traz um sistema de duas estrelas gêmeas, twin stars, como símbolo das almas gêmeas. Esse é um sistema de duas estrelas apenas, em que a órbita de uma é totalmente dependente da outra. Elas se chamam Mizar e Alcor e fazem parte da constelação da ursa maior.
Essa dependência das órbitas é o que carateriza as relações de atração e repulsão de duas almas gêmeas.
Maharishi, da Meditação Transcendental, diz que o amor é algo que se manifesta quando o ser espiritual de uma pessoa aviva o Ser espiritual de outra pessoa.
"O amor é do Ser, pelo Ser e para o Ser."
Quando almas gêmeas vêm uma na outra o seu próprio Ser refletido, o amor é muito grande.
Mas quando refletem suas próprias sombras, a relação é muito conflituosa, pois essas sombras são muito parecidas, devido à ligação dessas almas, e o seu somatório gera um grave desequilíbrio nessas almas.
No atual momento evolutivo da humanidade muito se tem falado de almas gêmeas para indicar o momento em que um reflete o Ser do outro, o que seria o aspecto mais romântico da relação de almas gêmeas. E para distinguir esse aspecto romântico do aspecto de conflito da relação, muito se tem falado sobre chamas gêmeas, twin flames.
O assunto mais popular sobre as chamas gêmeas é seu processo de separação. Nessa separação de duas almas gêmeas ocorre um fenômeno devido a dependência das forças de atração e repulsão das duas almas. Uma das almas fica com toda a rejeição/repulsão, e a outra fica com toda a atração. Elas são chamadas respectivamente de run away (o que foge), e chaser (o que corre atrás). Esse fenômeno é descrito como uma grande febre que acomete as duas almas de forma oposta.
Apesar de ser um tratamento popular e secular para um fenômeno que na realidade se rege por leis espirituais elevadas, essa situação descrita popularmente é algo real e se relaciona a um acelerado processo evolutivo e de queima de karma pessoal e coletivo que envolve duas almas gêmeas.
Vamos no meu próximo texto tratar de um exemplo real da separação de duas almas gêmeas, partindo desse contexto secular e mundano da separação conforme narrado popularmente e elevar nossa visão a como esses processos de almas gêmeas se relacionam aos processos evolutivos da própria humanidade e no contexto da sua relação com os mestres espirituais da humanidade.
Namaste!
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